A cosmovisão cristã na atualidade

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Graça e paz, leitores! Neste artigo abordaremos um tema altamente filosófico, com várias vertentes de pensamentos e que chama a atenção de muitos pensadores: “Cosmovisão Cristã”.

Para que possamos iniciar, primeiramente precisamos entender o que é Cosmovisão, então vamos ao dicionário:

Cosmovisão: Modo particular de perceber o mundo, geralmente, tendo em conta as relações humanas, buscando entender questões filosóficas (existência humana, vida após a morte etc.); concepção ou visão de mundo. (Dicio)

Logo, cosmovisão cristã é a visão do mundo segundo a ótica de Cristo, ver o mundo com suas palavras, seus ensinamentos, seu modo de agir.

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12.2)

Síntese

Desenvolver uma visão de mundo essencialmente cristã é crucial para discernir a vontade de Deus em uma época cheia de ideologias vãs.

Objetivos deste estudo

  • EXPLICAR o conceito de ideologia;
  • REFLETIR a respeito das características das ideologias contrárias ao Evangelho;
  • SABER como formar uma mentalidade essencialmente cristã.

Interação

A juventude é a fase dos sonhos e dos grandes ideais de vida. Nesse período existencial, é comum se interessar e até mesmo aderir a alguma causa social ou sistema político. Até certo ponto, não há nenhum problema nisso, contanto que a ideia central de tal sistema não seja incompatível com as doutrinas da fé cristã. O fato é que vivemos em um momento de pluralismo e diversidade, em que se multiplicam pontos de vistas, teorias, doutrinas e religiões de todos os tipos e origens. Em meio a isso, como separar o joio do trigo? Este é o tema desta lição.

Como tudo começou? De onde viemos?

Deus criou todas as coisas em perfeição, inclusive o ser humano (Gn 1.26). Ele é a fonte exclusiva de toda a ordem criada, tanto das leis da natureza quanto da natureza humana.

O que deu errado? Qual é a fonte do mal e do sofrimento?

Em virtude da desobediência, do pecado original, o homem afastou-se de Deus. O ser humano e a natureza foram afetados pela Queda, provocando o mal e a desordem.

O que fazer a respeito? Como consertar o mundo?

Quando Deus nos redime, Ele nos liberta da culpa e do poder do pecado, e restaura nossa plena humanidade.

Além do aspecto salvífico, a redenção atinge a vida humana como um todo.

Texto bíblico

Romanos 12
1. Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Colossenses 2
4. E digo isto para que ninguém vos engane com palavras persuasivas.
5. Porque, ainda que esteja ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, regozijando-me e vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo.
6. Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele,
7. arraigados e edificados nele e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, crescendo em ação de graças.
8. Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo.

Vamos falar de Cosmovisão

Sabemos que a sociedade atual é dominada por ideologias incompatíveis com o evangelho. Tais formas de pensamento negam a soberania de Cristo e tentam substituir os valores cristãos por concepções secularizadas do mundo. Saber, portanto, como elas funcionam e quais são os seus fundamentos é crucial para o crente não ser enredado por ciladas e vãs sutilezas. Nesta lição, além do conceito de ideologia e as características que contradizem a fé cristã, veremos como formar uma mentalidade essencialmente cristã, uma visão de mundo abrangente, pela qual possamos discernir as vozes do nosso tempo e refutar os sistemas de ideias incompatíveis com as Escrituras.

I – Um mundo movido por ideias e ideais

1. Ideologia e seu sentido.

Diariamente, as pessoas são compelidas a decidir sobre uma série de coisas ou a se pronunciar a respeito dos mais variados temas que emergem na sociedade. Tais ações não são adotadas em completa neutralidade. Um dos aspectos que moldam a conduta e a opinião de alguém, especialmente nos temas mais complexos, é a sua ideologia.

Em linhas gerais, os dicionários definem “ideologia” como o conjunto de ideias, convicções e princípios filosóficos, sociais, políticos que caracterizam o pensamento de um indivíduo ou grupo social, A ideologia é um elemento crucial em qualquer visão de mundo, pois fornece as crenças básicas e estabelece os ideais de vida de uma pessoa.

2. Ideias e consequências.

Caixa de Texto: Ideologia não é algo puramente teórico. Tem consequência prática na vida das pessoas.

Ponto Importante
A ideologia é um elemento crucial em qualquer cosmovisão, pois fornece as crenças básicas e estabelece os ideais de vida.
“Ideias têm consequências” é a frase que melhor explica o caráter orientador das ideologias, seja de forma individual ou coletiva. Jesus afirmou que uma árvore é conhecida pelos seus frutos (Mt. 7.15-20). Assim como árvores ruins não podem dar bons frutos, ideologias maléficas, portadoras de visões distorcidas acerca da humanidade e da moralidade, não podem dar bons resultados para a sociedade; ao contrário, elas trazem prejuízos e levam ao caos social. Por esse motivo, devemos ter cautela e discernimento para não nos tornarmos presas de ideologias desvirtuadas, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo (Cl 2.8).

II – Características das ideologias contrárias ao evangelho

1. Idolatram algo dentro da criação.

O ponto comum a todas as ideologias contrárias ao Evangelho é a ênfase excessiva a algum aspecto da criação, o que faz surgir um tipo de idolatria (Êx 20.3; Rm 1.25; 1Co 10.7). Tal ocorre quando se valoriza mais a liberdade (individualismo), a nação (nacionalismo), o dinheiro (capitalismo), a propriedade comum (socialismo) ou o meio ambiente (ambientalismo), por exemplo, acima de Deus, crendo que tais elementos, por si sós, possam proporcionar prosperidade, segurança e salvação para o homem.

Ainda que possam expressar desejos legítimos, a devoção demasiada a cada um desses aspectos equipara-se à idolatria. Afinal, compreendemos que o pecado de idolatria se expressa não somente pela adoração aos deuses feitos de pedra ou madeira, mas também pela veneração a ideias e doutrinas humanas, que possam levara um estilo de vida correspondente (SI 115.8). Nesse aspecto, cabe o alerta paulino para fugir da idolatria (1Co 10.14). Não se deixe enganar por ideias que têm aparência de piedade (2 Tm 3.5) e dizem defender o bem, mas no fundo estão cheias de mentiras (Jo 8.44).

2. Negam a realidade do pecado.

As ideologias mundanas negam os efeitos do pecado, ao dizer que a natureza humana é essencialmente boa. O filósofo francês do Século XVIII Jean-Jacques Rousseau dizia que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Tal concepção, além de defender a completa Liberdade e autonomia do indivíduo, como forma de libertação das instituições da sociedade, especialmente família e igreja, leva a uma visão utópica da realidade, na qual acredita ser possível criar uma sociedade perfeita nesse mundo, bastando estabelecer as estruturas econômicas e sociais adequadas. O utopismo não se coaduna (combina) com as bases cristãs, pois sabemos que os problemas deste mundo, embora possam ser remediados pela lei e pelos bons costumes, nunca serão solucionados completamente, diante da falibilidade humana. Depois da Queda, nos tornamos falhos e precisamos de regeneração, por isso o teólogo holandês Jaco Armínio afirmou ser necessário uma renovação do nosso intelecto, afeições ou vontade.

3. Descreem no mundo espiritual.

A ideologia materialista não concebe a existência de algo além da matéria, assim como rejeita a concepção bíblica sobre os eventos escatológicos, tais como a volta de Jesus (1Ts 4.16,17), o julgamento dos pecadores (Ap 20.11) e a eternidade (Êx 15.18). Pense no perigo que essa ideia representa. Se não existe nada além do que podemos enxergar, a vida não tem propósito e o ser humano não deve prestar contas de seus atos a ninguém, Fiódor Dostoiévski escreveu: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Nessa mentira diabólica está a justificação para o hedonismo (prazer acima de tudo), o liberalismo moral, o antropocentrismo (ser humano no centro de tudo) e todo tipo de “ismo” iníquo, destruidor da moral e dos bons costumes.

Caixa de Texto: Enquanto as ideologias são concebidas pelos homens, as verdades da fé cristã são reveladas por Deus. O cristianismo, por isso, não é uma ideologia.
O Ponto Importante
Se não existe nada além do que podemos enxergar, a vida não tem propósito e o ser humano não deve prestar contas de seus atos a ninguém.
Contradizendo a natureza e a narrativa bíblica (Gn 1.27), a mundana “ideologia de gênero”, por exemplo, apregoa que os dois sexos – masculino e feminino – são construções culturais e sociais, razão pela qual cada pessoa tem o direito de fazer a sua opção sexual (gênero). É uma prova do poder devastador das ideologias defendidas pelos ímpios. Paulo vaticinou que o “fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles é para confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas” (Fp 3.19). Mas nós pensamos nas coisas que são de cima! (Cl 3.2).

III – Mentes renovadas para um mundo cheio de ideologias vãs

1. Inconformados com o mundo.

Diante de um contexto repleto de filosofias e ideologias nocivas à fé cristã, é preciso vivenciar na íntegra a recomendação paulina para não nos conformarmos com este mundo (Rm 12,2a). O sentido deste aconselhamento é que não nos amoldemos à forma, ao modelo, ao esquema do mundo.

Nesta passagem, a palavra “mundo” não se refere às pessoas ou ao universo físico, e sim ao sistema filosófico, ideológico e espiritual fomentado pelo deus deste século e pela carne, em oposição à vontade de Deus. Nesse aspecto, expressou A. W Tozer: “A cruz ergue-se em ousada oposição ao homem natural. Sua filosofia é contrária aos processos da mente não regenerada”.

Não permita que o mundo à sua volta e as tendências da presente época definam o seu modo de viver. Mantenha a sua identidade, ainda que a maioria o ridicularize por suas convicções cristãs!

2. Transformação permanente.

O aconselhamento bíblico não se encerra no inconformismo. Além de rejeitar o costume do mundo, o salvo em Cristo deve ser transformado. Isto ocorre primeiramente com a nova vida (Rm 6.4), mas deve prosseguir como uma prática constante (2 Co 3.18). É um processo contínuo, como explica o Comentário Beacon: “Transformai-vos tem a força de ‘continuem sendo transformados’. Ao invés de nos entregarmos às influências que tendem a nos moldar à semelhança das coisas que estão ao nosso redor, devemos, dia após dia, empreender uma mudança na direção oposta”.

3. Em direção a uma cosmovisão cristã.

Caixa de Texto: “No âmago do sistema cristão está a cruz de Cristo com o seu divino paradoxo. O poder do cristianismo aparece em sua antipatia pelos caminhos do homem decaído, jamais em seu acordo com ele”(A. W. Tozer).
Ponto Importante
A vida de Jesus é o paradigma de todo cristão, por isso raciocinar como Ele não é uma questão de escolha, mas de obediência.
A transformação a que Paulo se refere se dá pela renovação da mente. Enquanto cristãos, somos conclamados a desenvolver uma mentalidade eminentemente cristã, uma visão de mundo direcionada pelo pensamento de Deus, aplicável a todos os setores da sociedade. Em uma sociedade cada vez mais secularizada, renovar a mente, moldando-a aos valores do Reino, é algo crucial. O apóstolo Paulo expressou isso da seguinte forma: “Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (1Co 2.16). No original grego, a palavra mente (gr. nous) significa o Lugar da consciência reflexiva, compreendendo as faculdades de percepção e entendimento, e do sentimento, julgamento e determinação.

Subsídio

Em anos recentes, todas as grandes proposições avançadas durante o século XIX caíram, uma por uma. como soldadinhos de brinquedo. O século XX foi a era da ideologia, dos grandes “ismos”: comunismo, socialismo, nazismo, liberalismo etc. Em todos os Lugares, os ideólogos alimentaram visões de criar uma sociedade ideal com um esquema utópico. Mas hoje todas as grandes construções ideológicas estão jogadas nos montes de cinzas da história. Tudo o que resta é o cinismo do pós-modernismo, com suas afirmações falidas de que não existe verdade objetiva ou significado, que somos livres para criar a nossa própria verdade, enquanto entendemos que tal teoria nada mais é do que um sonho subjetivo, uma ilusão confortante.

Enquanto as ideologias reinantes esmigalham-se, as pessoas são pegas diante de um impasse: tendo acreditado que a autonomia individual era o santo graal que as levaria à libertação, elas agora veem que foram levadas apenas para o caos moral e a coerção do Estado. O tempo está maduro para a mensagem em que a paz social e a satisfação pessoal que as pessoas realmente almejam estão disponíveis somente no Cristianismo. A igreja se manteve inabalável através do fluxo e refluxo de dois milênios. Ela tem sobrevivido à perseguição dos primeiros séculos, à invasão dos bárbaros e da idolatria da Idade Média e aos assaltos intelectuais da era moderna. Suas paredes sólidas so erguem-se acima das ruínas espalhadas através da paisagem intelectual. Deus nos livre que nós, herdeiros de santos e mártires, venhamos a falhar neste momento primordial”

(COLSON, C.; PEARCEY. E Agora, Como Viveremos? 2.ed.. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.360).

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